quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Apresentações e Bastardos Inglórios (Inglourious Basterds)

Primeiramente, rápidas apresentações. O objetivo principal do Blog é escrever sobre filmes pouco conhecidos, filmes que normalmente não chegam aqui no Brasil via distribuição oficial, cinema, etc. Como amante do cinema de horror, esse gênero deve dominar a maioria das postagens aqui, mas outras pérolas desconhecidas estarão aqui também. Como quase tudo que assisto ou é horror, ou é filme desconhecido, ou são filmes antigos, ou são filmes com alguma trama louca que dá um nó na cabeça, o blog será basicamente um espaço para comentar os últimos filmes que assisti. Mas sempre que necessário, essa "regra de filmes desconhecidos" será quebrada, como toda boa regra, e a primeira vez será logo a seguir. Lembrando que sempre comentarei supondo que o leitor já viu o filme, portanto esperem alguns spoilers.



Título Nacional: Bastardos Inglórios
Título Original: Inglourious Basterds
Ano: 2009
País: Estados Unidos
Duração: 153 min
Direção: Quentin Tarantino
Roteiro: Quentin Tarantino
Elenco: Brad Pitt, Mélanie Laurent, Christoph Waltz, Eli Roth, Michael Fassbender, Diane Kruger, Daniel Brühl, Til Schweiger, Gedeon Burkhard, Jacky Ido, B.J. Novak, Omar Doom, August Diehl, Denis Menochet



O primeiro filme que trago aqui talvez não tenha muito a ver com a proposta do blog, mas com certeza, seu criador bebeu da mesma fonte.

Começando então a primeira análise (não sei nem se devo chamar assim) com estilo. Quentin Tarantino dispensa apresentações, e pra quem não sabe, esse projeto há anos era planejado, escrito e revisado pelo diretor. Há muito tempo ele vem amadurecendo o roteiro, e chegou a achar que nunca chegaria a filmá-lo. Quem acompanha Tarantino e nutre uma admiração pelos seus filmes deve lembrar do projeto, que há alguns anos (antes até de Kill Bill, se não me engano), surgia como uma superprodução épica sobre a Segunda Guerra Mundial, que pretendia reunir no elenco os maiores nomes do cinema de ação dos anos 80/90, como Arnold Schwarzenegger, Sylvester Stallone e Bruce Willis. Muito tempo depois, o filme chega aos cinemas, abandonando as aspirações "grandiosas" e com um elenco, com exceção de Brad Pitt, pouco conhecido ou mesmo desconhecido.

O filme, dividido em capítulos, começa com "Era Uma Vez na França Ocupada por Nazistas", em 1941. Em uma propriedade rural, um pai e suas 3 filhas recebem a visita de um coronel nazista da SS, Hans Landa (Christoph Waltz), que pra mim é o personagem mais brilhante e mais bem desenvolvido do filme, do qual falarei mais posteriormente. O Coronel, conhecido como "O Caçador de Judeus", e o dono da propriedade travam então um dos conhecidos longos diálogos tarantinescos, que vai se desenvolvendo pouco a pouco, enquanto a tensão da situação aumenta, até que somos apresentado ao objetivo do oficial nazista: localizar uma família de judeus que vivia na região. O Coronel então comanda o massacre da família, após localiza-lá, e apenas um membro sobrevive: Shosanna Dreyfus (Mélanie Laurent).


No segundo capítulo, conhecemos então os Bastardos, comandados pelo tenente Aldo Rayne (Brad Pitt), um grupo de soldados aliados judeus que tem um único objetivo: caçar e matar nazistas, das maneiras mais cruéis e violentas possíveis, colecionando seus escalpos como troféus (o que rende o título de "apache" ao tenente Aldo). Como ele mesmo diz: "Cada um de vocês me deve 100 escalpos nazistas; e eu quero meus escalpos!".


O filme prossegue mostrando Shosanna Dreyfus, agora proprietária de um cinema em Paris, que acaba sendo escolhido para a estréia do filme propaganda nazista "O Orgulho de uma Nação", sobre o soldado Fredrick Zoller (Daniel Brühl), que se tornou herói de guerra após matar sozinho mais de 100 inimigos, em um cerco a uma cidade. Na estréia estarão presentes os principais nomes do Governo nazista, além do próprio Adolf Hitler (Martin Wuttke). Shosanna planeja então trancar todos os espectadores no cinema e atear fogo ao mesmo, obtendo então sua vingança. O que ela não sabe é que os aliados também tem um plano de infiltrar agentes na estréia e explodir o cinema, matando o Führer e seus principais comandantes e ministros, levando então ao término da Guerra. E esses agentes são justamente os "Bastardos". A trama se desenrola até que os caminhos de Shosanna, dos "Bastardos" e do Coronel Hans Landa se cruzem, como é típico dos filmes do Tarantino, culminando em um final surpreendente.


Assim como em "Kill Bill", o filme é carregado de referências e homenagens. Se em "Kill Bill" o diretor buscou inspiração principalmente no cinema oriental de artes-marciais, dessa vez a inspiração vem dos filmes italianos sobre a Segunda Guerra Mundial e dos filmes de faroeste de Sergio Leone. Buscar as referências no filme não é tarefa fácil. Basta dizer que toda a ambientação do cinema parisiense de Shossanna faz referências nos cartazes a filmes e atores alemães da época. Eu, como profundo conhecedor que não sou do cinema alemão, só percebi as referências lendo sobre o filme posteriormente. Mas as referências estéticas e temáticas são o grande charme do filme. A trilha sonora mais uma vez é impecável, com muitas músicas instrumentais, temas e músicas de outros filmes, e até David Bowie.


Os personagens, como sempre, são a grande atração do filme. Brad Pitt está perfeito como o tenente caipira e canastrão Aldo Rayne. A cena em que ele tenta falar em italiano com o coronel Hans Lada é repleta do humor tarantinesco com o qual estamos acostumados. "Arriverrrrderrrrci...". Só assistindo pra entender a piada. Os outros bastardos não ficam pra trás, como o "Urso Judeu", o sargento Donny Donowitz (Eli Roth). Mas o grande personagem do filme é o coronel nazista da SS, Hans Landa. O ator austríaco Christoph Waltz consegue fazer um vilão cruel e capaz das maiores atrocidades, mas que ao mesmo tempo é engraçado e divertido. Espero uma indicação ao Oscar aqui.

Tarantino também não esquece da violência explícita típicas de seus filmes. O "Urso Judeu" matando um soldado nazista a golpes de taco de beisebol, escalpamentos explícitos, até a sensacional cena final. Mais uma vez, ele transforma o "gore" em "cool".

Provavelmente estamos diante do melhor filme de Quentin Tarantino. Sou muito fã de "Pulp Fiction", e pra mim será difícil colocar "Bastardos Inglórios" a frente dele, mas talvez esta seja a grande obra-prima do diretor. Quem ainda não foi ver no cinema, deve ir. Se você for fã do Tarantino já sabe o que esperar, se não, pelo menos estará diante de um filme muito divertido sobre a Segunda Guerra Mundial.

Algumas curiosidades:

- O título "Inglourious Basterds" é uma referência ao filme italiano de 1978, "Inglorious Bastards" (Assalto ao Trem Blindado, no Brasil). Apesar do nome, o filme do Tarantino não tem a mesma trama do filme italiano.
- Eli Roth, que interpreta o 'bastardo" Donny Donowitz, o "Urso Judeu", é amigo de Tarantino e diretor de "O Albergue". No taco de baisebol que ele usa pra matar os nazistas estão escrito os nomes de diversos judeus mortos na Segunda Guerra.
- A cena "explicativa" sobre o sargento Hugo Stiglitz (Til Schweiger) é narrada por Samuel L. Jackson.
- Harvey Keitel faz uma das vozes ouvidas pelo rádio, como se fosse um militar aliado.


"So I'm gonna give you a little 
somethin you can't take off."

3 comentários:

  1. O filme é realmente muito bom!!!! E o Brad Pitt tá realmente impecável (e impagável)!!! Ele dizendo "Arriverrrrrrrdeci" pra mim foi o ápice do lado cômico do filme!!!!! Agora não estou tentanda a rebaixar Pulp Fiction e Kill Bill de posição para colocar os Bastardos no topo da lista como o melhor filme do Tarantino!!!! É muuuuuuuuuuuuuuito bom, mas ainda acho Kill Bill a obra prima!!!

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  2. Ainda gosto mais de Pulp Fiction, mas esse tá em 2º lugar com certeza (na minha lista do Tarantino). Não sabia do tal Eli Roth, muito legal. Estou aguardando sua crítica de "Aftermath"... =P

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  3. de fato um ótimo filme.
    waltz merece sim pelo menos uma indicação ao oscar(já levou melhor ator em cannes).
    e é uma obra e tanto!

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